Se bem que o mar às vezes muda...

Já faz quase um ano desde sua partida.
Quando ele foi embora meu coração sabia, de alguma forma, que aquela seria a última vez que eu olharia para aqueles olhos que me puxavam para dentro de si, na velocidade mais brusca. E lá eu permanecia, segura e feliz, pelo tempo que ele estivesse comigo.
Foram alguns anos assim, amor além de mim, mais do que eu podia imaginar. Algumas brigas e muitos abraços, algumas ausências e faltas, mas além disso, muita cumplicidade. Algumas vezes conversávamos em silêncio, e eram as melhores conversas...com os olhos, com o toque e com carinho.
No dia que ele me disse o doído 'adeus' o seu olhar permaneceu na minha mente, como de quem não tem muita certeza se é a melhor opção, mas ao mesmo tempo, de quem já está decidido. Chovia naquele dia e, eu lembro, que ao entrar em casa, eu sentei na área e chorei, o choro mais profundo do meu peito, e as lágrimas se misturavam com chuva, só que eram quentes, de um coração que não sabia como deixar de amar. Os dias passaram e a sensação era que tinha sido me arrancado tudo o que havia de melhor em mim, todos os meus risos e seguranças. Foram algumas noites sem dormir e alguns dias sem comer, até que eu me acostumei com minha dor. De certa forma eu sabia que se eu parasse de sentir toda aquela dor eu esqueceria muito em breve, apesar de saber que talvez fosse melhor assim.
O tempo passou, e, quase um ano depois, muitas coisas aconteceram. Sinto falta dele e do amor, sinto falta dos pequenos detalhes e, principalmente, de olhar a lua. Mas após algum tempo a gente percebe que alguns caminhos mudam e novas pessoas pegam a mesma estrada que você. Então, quando você se dá conta, você já consegue sorrir sinceramente sem sentir que você precisa compartilhar aquele momento com alguém, aquele momento é simplesmente seu.
Hoje eu sei, deixar de amá-lo não é esquecê-lo, mas, simplesmente, deixar a pessoa ir embora de verdade, deixar que ela siga o caminho que escolheu e o que sobra disso é apenas carinho e boas lembranças. Simplesmente deixar seu coração livre para enxergar que talvez você não queira amar agora, e sim, você pode querer isso, mas que o amor talvez te encontre quando você virar a esquina.